Ereshkigal; A Deusa do Submundo;
A Deusa do
Submundo;
Ereshkigal é a Deusa Suméria, Rainha dos Mortos e do Mundo Subterrâneo.
Seu nome significa "Senhora da Grande Habitação Inferior". Entretanto
antes de ser relegada ao "kur" (palavra que significa Mundo Inferior
e utilizada pelos antigos Sumérios), era uma Deusa dos grãos e morava na parte
superior da terra. Caracterizava portanto, o crescimento dos cereais. Como
Deusa dos grãos, era conhecida como Ninlil, sendo esposa de Enlil, um Deus Sol
de segunda ordem. Como mulher deste Deus, foi violentada pelo marido diversas
vezes, oculto em vários disfarces. Mas acabou sendo castigado pela violência
perpetrada e mandado para o mundo inferior, onde toma o nome de Gugalana. A
Deusa, entretanto, amava muito seu marido e seguiu-o, tornando-se então,
Ereshkigal.
Sua violentação é análoga como a história de Perséfone, mas mostra a potência primitiva e paradoxal de forma mais crua, havendo em Ereshkigal muita das Gógonas e da Deméter Negra: o poder, o terror, as sanguessugas sobre a cabeça, o olhar terrível congelando a vida, a ligação íntima com o não-se e o destino. A Deusa contém e personifica as regras do mundo inferior, ao sentar-se frente aos sete juízes para receber aqueles que vêm até ela através dos sete portões de sua casa de lápis-lazúli. Em alguns mitos seu consorte era Ninazu (deus da cura) e em outros, Nergal (deus da peste, da guerra e da morte).
Sua violentação é análoga como a história de Perséfone, mas mostra a potência primitiva e paradoxal de forma mais crua, havendo em Ereshkigal muita das Gógonas e da Deméter Negra: o poder, o terror, as sanguessugas sobre a cabeça, o olhar terrível congelando a vida, a ligação íntima com o não-se e o destino. A Deusa contém e personifica as regras do mundo inferior, ao sentar-se frente aos sete juízes para receber aqueles que vêm até ela através dos sete portões de sua casa de lápis-lazúli. Em alguns mitos seu consorte era Ninazu (deus da cura) e em outros, Nergal (deus da peste, da guerra e da morte).
A violentação da
Deusa, estabelece ainda, o domínio do masculino sobre a vida em sociedade,
relegando o poder feminino e a fertilidade ao mundo inferior.
Em uma das primeiras violentações Ninlil-Ereshkigal por Enlil, nasceu
Nana-Sin, o Deus Lua, nascido no mundo inferior antes de levantar-se para
iluminar o Céu e medir o tempo com seus ciclos. Nana-Sin é o pai de Inanna,
sendo portanto, Ereshkigal sua avó nessa genealogia. Ereshkigal tornou-se um
símbolo da morte aterrorizada para o mundo patriarcal e foi banida para o
subterrâneo. Como Kali, Ereshkigal, através do tempo e do sofrimento, dos
quais, entretanto, jorra avida. Ela simboliza o abismo, que é a fonte e o fim,
a base de todos os seres.
Os domínios de Ereshkigal representam uma única certeza: de que todos
nós um dia morreremos. Mas devido esta certeza, esse reino é a manifestação do
desconhecido, onde a vida consciente se encontra em estado de adormecimento.
O vizir de Ereshkigal chamava-se Namtar, "destino". O reino da
Deusa tinha legalidade própria, à qual os Deuses da Suméria se curvavam. É a
lei do grande subterrâneo, lei da realidade, das coisas como elas são, uma lei
natural pré-ética e frequentemente aterrorizadora, que sempre precede os julgamentos
do superego patriarcal e daquilo que gostaríamos que acontecesse. Mas
Ereshkigal nunca aflorava em seu aspecto terrível. Quando os Deuses realizavam
suas festas, pediam que alguém fosse buscar sua comida. Mas ela não é
antagônica ao masculino, pois vivia rodeada de juízes, consortes e criados são
homens e ela gera e dá à luz a meninos. Portanto, contrariando tudo o que já
foi escrito, esta Deusa nos sugere que a consciência das camadas profundas do
psique não é uma adversária da consciência patriarcal.
Inanna e Ereshkigal;
Ereshkigal era irmã-avó de Inanna, que desce até seu território para
assistir aos funerais de Gugalana. Mas ela se enfurece e exige que a Deusa do
Mundo Superior seja tratada de acordo com as leis e ritos destinados a todos
que entram em seu reino: deverá ser trazida até sua presença nua e curvada. Seu
vizir acolhe suas ordens e a cada uma das setes portas de entrada, ele remova
uma das vestes de Inanna. Agachada e nua, como os sumérios eram colocados em
seus túmulos, ela é julgada por sete juízes. Em seguida, Ereshkigal mata-a e
enfia seu corpo em um poste, onde se transforma em uma carne esverdeada pela
putrefação. Só depois de três dias é que sua assistente Ninshubur coloca em
execução suas instruções para resgatá-la. Mas é somente Enki, o Deus das águas
e da sabedoria que se dispõe a ajudá-la. Resgata a Deusa se utilizando para
isso dois carpidores que ele modela com a sujeira que se acumulou debaixo de
sua unha. Esses entram no Mundo Inferior sem serem notados, levando o alimento
e a água da vida que Enki lhes dera. Mas só asseguraram a libertação de Inanna
quando compadeceram-se de Ereshkigal, que estava gemendo de dores de parto.
Extremamente grata pela empatia dos carpidores, entrega o corpo de Inanna.
Depois Inanna precisará enviar alguém ao Mundo Inferior para ocupar seu
lugar. O escolhido será Dumuzi, seu consorte que teria usurpado seu trono. Mas
ele será protegido por sua irmã Gehstinana. Inanna decide então que ambos devem
dividir a condenação, e passar seis meses cada um no mundo subterrâneo.
Esta história nos serve de modelo cósmico, sazonal, transformativo e
psicológico. Este é o filme cuja projeção cura as feridas de todas as mulheres
que crescem sob o patriarcalismo e lutam com problemas semelhantes.
Ereshkigal como arquétipo;
Ereshkigal é a Deusa que enfurece se for desrespeitada, mas ela não
constrói um sistema de ataque, nem seus próprios limites.
Vemos sua
projeção na figura da mãe que se torna inimiga, se houver recusa no
reconhecimento de sua sabedoria. Esta atitude equivale a anular a sua própria
origem, pois Ereshkigal é a avó do Sol e das Estrelas. De seu ventre surgem as
luzes celestes e os filhos da peste e da morte. É a fonte da consciência
trazida pelas luzes orientadas do céu e pelas dores e medos mortais. Há afeto,
energia e legitimidade em Ereshkigal, mas há também seus olhos de morte.
Arquetipicamente, esses olhos de morte são implacáveis e profundos,
enfocando uma objetividade imediata que considera as pretensões, os ideais e
mesmo a individualidade e o relacionamento como coisas irrelevantes. Eles
também encerram e possibilitam o mistério de uma percepção radicalmente
diferente e pré-cultural.
Corno os olhos das caveiras em volta da casa da bruxa e deusa russa da
natureza, a Baba Yaga, eles percebem com a objetividade própria da natureza e
de nossos sonhos, escavando alma a dentro, para encontrar a verdade nua, e ver
a realidade por trás de sua miríade de formas, ilusões e defesas. Quando não
reverenciadas, as forças de Ereshkigal são sentidas como depressão e uma
abissal agonia de desamparo e futilidade, desejo inaceitável e energia
destrutivo-transformadora, autonomia inaceitável, que desintegram, resolvem e
devoram o senso individual de capacidade e valor. Uma mulher sob o domínio de
Ereshkigal, acaba cortada de seus afetos primais, perdendo a consciência em
relação a eles. Pode sentir-se presa em uma estase sem fim, incapaz de
mover-se, sentindo o desespero pesado e o vazio de quem é violentada pelo seu
"animus".
Ereshkigal não aceita ser reverenciada pelos modos convencionais, pois
ela exige a morte, a destruição completa das diferenças, a transformação total.
Somente um ato de rendição completa e voluntária poderá transformar o lado
sombrio desta Deusa Escura.
Só quando formos reduzidos à dor de uma profunda depressão que adormece
os sentidos e nos reduz ao caos é que nos encontraremos com a Deusa Ereshkigal.
O contato com ela enraíza a mulher e aglutina sua potencialidade para
confrontar o masculino e o patriarcado de igual para igual. As descidas mais
profundas levam à reorganização e transformação radicais da personalidade
consciente.
Todos devem ter a ousadia de saltar para a escuridão. No alento frio do
domínio espiritual, podemos experimentar nossa própria frieza, à fim de nos
livrarmos da compulsão de relacionamentos que nos escravizam. Também para
engrenarmos uma vida sobrecarregada e ir contra ela, a morte surge como um
valor supremo.
Ritual;
Coloque uma vela preta no
ponto sul de seu altar, uma vela branca ao norte e um cálice no centro. Trace o
círculo;
Invocação:
Acenda a vela preta e diga:
Oh Grande Deusa Ereshkigal, Junte-se a mim neste local sagrado. Ajude-me
a crescer, para que eu possa fazer diferença neste mundo. Ensina-me a responder
com amor e bondade, Toda a crueldade que me é dirigida.
Passe o seu Athame três vezes
através do fogo da vela preta e diga:
Oh Deusa do Subterrâneo, Com o fogo desta vela preta, Ajuda-me a queimar
e afastar de minha vida toda a obscuridade.
Visualize todas as coisas
ruins saírem de você e fundirem-se com a chama da vela. Depois apague-a. Tome
um outro gole do cálice e diga:
Que esta bebida da purificação, Me deixe livre de qualquer mal.
Agora acenda a vela branca.
Olhe para sua chama, observe sua cor demoradamente e diga:
Ereshkigal, busco minha renovação interior. Ajuda-me a curar as feridas
deixadas do mundo que agora saiu de mim. Faça com que volte a rejuvenescer meu
interior, para que eu possa ter mais compaixão e paciência com aqueles que
tentam me prejudicar.
Reflita sobre o processo
desta renovação. Sinta que cada parte de seu corpo se torna mais forte, mais
saudável, mais puro. Diga então:
Oh Grande Deusa Ereshkigal, Ajuda-me a levar este crescimento e
renovação comigo para minha vida cotidiana.
Apague a vela branca
Abra o círculo
Fonte:::: http://cantinhodosdeuses.blogspot.com.br
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